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O Inferno Sou eu (Uma viagem diferente)

24 de maio de 2010 | Postado por Marina em Intercâmbio de A a Z

Em 1999, os 17 anos, fiz um intercambio em Paris e foi lá que conheci pela primeira vez o quanto esta cidade está relacionada a ideologias e historias revolucionárias de mudança.

No século XIX, em Paris, os cafés de La Flore e Les deux Magoux reuniam os principais escritores e filósofos franceses que, aproveitavam para debater e filosofar sobre novas aspirações. Nos dias de hoje, estes dois cafés, resumem-se a dois pontos turísticos da cidade.

Hoje, aos 28 anos, vou contar uma viagem diferente. Aquela que a gente consegue fazer sem sair do lugar. Não, não foi um livro foi uma Peça de tive o privilegio de assistir na semana de comemoração dos 160 anos do belíssimo Teatro Santa Isabel.

Em cartaz neste domingo, O inferno sou eu, que recria com Marisa Orth e Paula Weinfeld a passagem da escritora e feminista Simone de Beauvoir pelo Recife e suas conversas com uma estudante de letras.

Com um tom dramático e satírico, a peça é honesta, bem escrita e bem produzida. Ver Simone de Beauvoir mostrar que até a mais poderosa, inteligente e parafraseando Stefhany – absoluta, das mulheres, sente inseguranças e medos e, acima de tudo, ciúmes e sentimento de posse do seu amado é, digamos, libertador.

Esposa do famoso escritor Jean-Paul Sartre, esta mulher forte de “cabeça e relacionamento aberto” que certa vez declarou “a mulher não nasce mulher, torna-se mulher”, mostrou que independentemente da sua bagagem intelectual, somos todas ávidas por sermos “mulherzinhas”. Explico: Queremos a igualdade dos sexos, mas, em contrapartida, mantemos de forma inerente características que nos diferenciam dos homens em pontos de vista e perspectivas e necessidades.

Ser independente é muito bom, o que não queremos ser é sozinhas. Afinal, na maioria dos casos, a independência cansa e lá mora também a busca pelo aprisionamento consentido em nome de uma vida a dois. Afinal, o que todos queremos além de amar e ser amados? Não, não falo de deixar de lado o amor próprio ou de deixar de realizar seus projetos profissionais, isto nunca, antes a culpa de ter deixado do que o arrependimento do não realizado. Mas, o que se pode sim, é buscar uma conciliação para que assim a mulher possa sentir-se plena de verdade.

Apesar de Simone ter escrito em seu livro – A força da Idade “Entre a fidelidade e a liberdade haverá uma conciliação possível? A que preço?” em uma parte da peça a frágil estudante de letras Dorinha desarma os céticos ao declarar: “vocês falam muito com a cabeça e pouco com o coração”. Este coração que como quem não quer nada acaba dando as cartas da nossa vida e nos pregando peças, que nem sempre conseguimos enxergar tão bem, ou, fazendo um trocadilho com Beauvoir, – “bem-ver”, é preciso ver e ouvir bem este coração, pois, nem sempre a racionalidade rima com felicidade e, acima de tudo, com verdade. Já que, sabemos, esta quase sempre não é absoluta, é relativa e mutável como um rio que segue seu curso em caminhos desconhecidos. Isto por que, agora nas palavras de Raul, é preferível ser esta metamorfose ambulante a ter aquela velha opinião formada sobre tudo. E, nesta peça vimos que liberdade esta relacionada a escolha. A escolha da vida para cada momento.

Viajar é muito muito bom, mas, apesar da minha sede eterna por viagens e liberdade, como disse Simone: “Aqui no Brasil conheci o maracujá”, – fruit de la passion ou, a fruta da paixão se traduzido do francês, “é por isto que jamais esqueceria o Recife, e seu gosto infernal de eternidade”.

Bjs e até a próxima viagem!

Marina

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